domingo, 17 de abril de 2011

Desconhecido

“Perdi alguma coisa que me era essencial, e que já não me é

mais. Não me é necessária, assim como se eu tivesse perdido uma

terceira perna que até então me impossibilitava de andar mas que

fazia de mim um tripé estável. Essa terceira perna eu perdi. E

voltei a ser uma pessoa que nunca fui. Voltei a ter o que nunca

tive: apenas as duas pernas. Sei que somente com duas pernas é

que posso caminhar. Mas a ausência inútil da terceira me faz falta

e me assusta, era ela que fazia de mim uma coisa encontrável por

mim mesma, e sem sequer precisar me procurar.”

Paixão segundo G.H. – Clarice Lispector

Tem dias que eu me sinto um pouco vazio. Parece que não sobrou nada dentro do meu corpo, eu me sinto desprovido de sentimentos. Simplesmente, não sinto!

Parece que algo foi tirado de mim, algo que talvez eu nem usasse, mas que no momento eu preciso, ou penso que preciso.

A única sensação que tenho no momento é a de confusão. Tudo se apresenta de modo confuso, estranho a minha pessoa.

Mas hoje, eu sinto um vazio quase que completo. Eu só sinto um nada em mim, um imenso nada com um resto de alguma coisa no fundo, a ausência quase completa de tudo, algo que me incomoda, que me desespera.

Acho que o tenho na verdade é medo, algo me assusta e me deixa sem reação, debilitado de certa forma.

Eu não sei como reagir, eu só espero que essa sensação passe, e que meu ser seja reposto com algo necessário para se manter uma existência, algo que neste momento eu não sei dizer o que é.

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