domingo, 17 de abril de 2011

Parafraseando quem já foi parafraseado

Como já disse uma amiga essa semana, nossa vida amorosa é mesmo muito parecida com a “Quadrilha” de Carlos Drummond de Andrade.

João amava Teresa que amava Raimundo
que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili
que não amava ninguém.
João foi para os Estados Unidos, Teresa para o convento,
Raimundo morreu de desastre, Maria ficou para tia,
Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto Fernandes
que não tinha entrado na história

Eu estou exatamente nesta situação, no meio desta quadrilha louca que roda e não se sabe quando e como vai parar. Porque sempre querer o que não se tem, não podemos ficar feliz e aproveitar o que temos?

E a quadrilha não fica do jeito que está por muito tempo. Ela tende a aumentar, até porque, ao contrário do que muitos pensam alguém pode passar a gostar de mais de uma pessoa e acaba que João passar a amar Tereza e de Márcia, que nem estava na história , e a Márcia tem seus outros personagens.

O ser humano é mesmo muito estranho, nós não somos capazes de compreender nem a nós mesmos individualmente e mesmo assim tentamos muitas vezes compreender o jeito das pessoas que nos cercam.

Desconhecido

“Perdi alguma coisa que me era essencial, e que já não me é

mais. Não me é necessária, assim como se eu tivesse perdido uma

terceira perna que até então me impossibilitava de andar mas que

fazia de mim um tripé estável. Essa terceira perna eu perdi. E

voltei a ser uma pessoa que nunca fui. Voltei a ter o que nunca

tive: apenas as duas pernas. Sei que somente com duas pernas é

que posso caminhar. Mas a ausência inútil da terceira me faz falta

e me assusta, era ela que fazia de mim uma coisa encontrável por

mim mesma, e sem sequer precisar me procurar.”

Paixão segundo G.H. – Clarice Lispector

Tem dias que eu me sinto um pouco vazio. Parece que não sobrou nada dentro do meu corpo, eu me sinto desprovido de sentimentos. Simplesmente, não sinto!

Parece que algo foi tirado de mim, algo que talvez eu nem usasse, mas que no momento eu preciso, ou penso que preciso.

A única sensação que tenho no momento é a de confusão. Tudo se apresenta de modo confuso, estranho a minha pessoa.

Mas hoje, eu sinto um vazio quase que completo. Eu só sinto um nada em mim, um imenso nada com um resto de alguma coisa no fundo, a ausência quase completa de tudo, algo que me incomoda, que me desespera.

Acho que o tenho na verdade é medo, algo me assusta e me deixa sem reação, debilitado de certa forma.

Eu não sei como reagir, eu só espero que essa sensação passe, e que meu ser seja reposto com algo necessário para se manter uma existência, algo que neste momento eu não sei dizer o que é.

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Depressão Pós Faculdade (DPF)

Nós passamos cinco anos indo para o mesmo lugar todos os dias, convivendo com as mesmas pessoas, falando sobre todo e qualquer assunto (principalmente no meio das aulas), agüentando as aulas chatas com seus respectivos professores, bem como as aulas legais com seus também professores, comendo o salgado da cantina, reclamando sempre de algo.

Nós passamos cinco anos querendo sair o mais cedo possível da aula, contando dinheiro para tirar mais uma das milhares de Xerox e depois se revoltando com a quantidade de páginas do Xerox que teremos que ler (mesmo que fosse para depois de uma semana, o que raramente acontecia), se desesperando nas vésperas de prova, quebrando a cabeça para fazer trabalhos e petições das aulas de pratica processual, deixando de dormir até mais tarde em alguns finais de semana para poder fazer o tal trabalho, indo dormir mais tarde ainda para fazer o tal trabalho.

E o pior ainda está por vir. E chega o ultimo ano, em que todos os fatores serão multiplicados por quantas vezes você achar melhor (mas pode exagerar). E lá vem a monografia, que vai tirar o seu tempo de sono, a sua paciência, seus fins de semana, seus feriados, suas refeições bem feitas (ou nem tão bem feitas assim), suas noites bem dormidas, sua diversão, sua paz, e qualquer outra coisa que você gostava de fazer.

Mas você acha que só perde? Não, para compensar você irá ganhar, entre os itens que mais se destacam, um belo par de olheiras, aversão a copiadoras (incluindo quem trabalha nelas) e impressoras (um grande parabéns aos que não quebraram uma ou deram pelo menos um sono em alguma). Não podemos deixar de citar as brigas com seu grupo de trabalho ou algum colega de classe e as incontáveis vezes que você escreveu, reescreveu, adaptou, apagou e começou a fazer tudo outra vez aquele capítulo chato da sua monografia ou aquele trabalho desinteressante.

Chega o grande dia e junto com ele, um imenso alívio. É isso. Acabou. Tchau. Bye bye. Até mais. Te vejo por aí.

Alguns de nós vamos estudar pra passar no exame da OAB, outros vão trabalhar, ou ainda fica em casa sem fazer nada.

Mas tem também aqueles que sentem um enorme vazio. Cadê os meus amigos pra conversar? E os textos que eu tinha pra ler? Para onde foram os professores que eu parava para trocar uma idéia no corredor? Porque não tem mais conversas diárias com as mesmas pessoas? Cadê...? Por que...?

Cadê tudo o que eu fazia todos os dias? Cadê as pessoas que eu convivia? Acabou.

Então chegamos a uma nova fase, a da DPF – Depressão Pós Faculdade (eu cheguei).

Tudo aquilo que xingamos por anos, agora faz uma falta enorme em nossas vidas. Ficou um buraco, um vazio. Parece que algo muito grande foi retirado da nossa existência.

Alguns amigos foram embora para longe, outros simplesmente o tempo vai distanciando.

E a saudade é o que permanece latejando, como uma ferida aberta.

sábado, 6 de dezembro de 2008

Nota de esclarecimento

Com relação ao escrito abaixo, eu menti. Mentira, eu não menti.
Eu omiti!
Na verdade eu tenho medo, medo das mudanças, e ao mesmo tempo, eu anseio desesperadamente por elas.
É algo que eu não sou capaz de explicar, mas sei que acontece, que existe em mim.

Mudarei ou Adaptarei?

Mais um fim de ano está chegando...
Até parece que o mundo vai acabar na noite do dia 31 de dezembro e renascer no dia 01 de janeiro do próximo ano.
Mas só parece, porque na realidade, nada muda. Ou quase nada, apenas a folhinha do calendário deverá ser trocada e eu vou errar a data no cheque, no caderno e no que mais requisitar data por um tempo.
Apesar de eu não acreditar em mudanças drásticas como muitas pessoas acreditam que acontece no final de um ano, eu estou de mudança.
Literalmente, eu estou de mudança. Na prática, eu ainda tenho um teto, mas em pouco tempo, se eu não me apressar, estarei desabrigado.
Estou pensando em algumas saídas para esse problema. Na verdade, são duas, e ambas incluem pessoas possivelmente estranhas, desconhecidos.
Isso não significa necessariamente mudança em mim, mas sim adaptação.
Pessoas novas, hábitos novos, lugar novo, manias novas, amizades/inimigos novos, são muitas mudanças pra quem não acredita em mudanças de final de ano.
Embora eu não esteja preocupado ou me importando muito com essa mudança, eu ainda tenho receio.
Sim, receio de não me adaptar às pessoas, ou das pessoas não se adaptarem a mim... eu imagino que a segunda opção é a mais provável.
Mas o que importa é que experiências são sempre bem vindas, pois boas ou más, alguma coisa elas sempre tem a nos ensinar.

terça-feira, 11 de novembro de 2008

SANATÓRIO

Acho que alguém aqui pirou
Eu ando desconfiado que esse cara sou eu
Às vezes acho que eu não produzo nada
Às vezes sei eu viajei errado
Às vezes acho que eu sou excluído do paraíso

Tem dias que eu olho no espelho e falo
Tai um cara legal
Tem dias que eu tenho a convicção
De que eu não sou normal
Tem dias que eu to puto
Alguns dias maluco
Graças a deus a maioria dos dias eu estou contente
Também tem os dias doentes
Mas esses, eu sei, fazem parte da vida
Esses fazem parte da vida