quarta-feira, 13 de abril de 2011

Depressão Pós Faculdade (DPF)

Nós passamos cinco anos indo para o mesmo lugar todos os dias, convivendo com as mesmas pessoas, falando sobre todo e qualquer assunto (principalmente no meio das aulas), agüentando as aulas chatas com seus respectivos professores, bem como as aulas legais com seus também professores, comendo o salgado da cantina, reclamando sempre de algo.

Nós passamos cinco anos querendo sair o mais cedo possível da aula, contando dinheiro para tirar mais uma das milhares de Xerox e depois se revoltando com a quantidade de páginas do Xerox que teremos que ler (mesmo que fosse para depois de uma semana, o que raramente acontecia), se desesperando nas vésperas de prova, quebrando a cabeça para fazer trabalhos e petições das aulas de pratica processual, deixando de dormir até mais tarde em alguns finais de semana para poder fazer o tal trabalho, indo dormir mais tarde ainda para fazer o tal trabalho.

E o pior ainda está por vir. E chega o ultimo ano, em que todos os fatores serão multiplicados por quantas vezes você achar melhor (mas pode exagerar). E lá vem a monografia, que vai tirar o seu tempo de sono, a sua paciência, seus fins de semana, seus feriados, suas refeições bem feitas (ou nem tão bem feitas assim), suas noites bem dormidas, sua diversão, sua paz, e qualquer outra coisa que você gostava de fazer.

Mas você acha que só perde? Não, para compensar você irá ganhar, entre os itens que mais se destacam, um belo par de olheiras, aversão a copiadoras (incluindo quem trabalha nelas) e impressoras (um grande parabéns aos que não quebraram uma ou deram pelo menos um sono em alguma). Não podemos deixar de citar as brigas com seu grupo de trabalho ou algum colega de classe e as incontáveis vezes que você escreveu, reescreveu, adaptou, apagou e começou a fazer tudo outra vez aquele capítulo chato da sua monografia ou aquele trabalho desinteressante.

Chega o grande dia e junto com ele, um imenso alívio. É isso. Acabou. Tchau. Bye bye. Até mais. Te vejo por aí.

Alguns de nós vamos estudar pra passar no exame da OAB, outros vão trabalhar, ou ainda fica em casa sem fazer nada.

Mas tem também aqueles que sentem um enorme vazio. Cadê os meus amigos pra conversar? E os textos que eu tinha pra ler? Para onde foram os professores que eu parava para trocar uma idéia no corredor? Porque não tem mais conversas diárias com as mesmas pessoas? Cadê...? Por que...?

Cadê tudo o que eu fazia todos os dias? Cadê as pessoas que eu convivia? Acabou.

Então chegamos a uma nova fase, a da DPF – Depressão Pós Faculdade (eu cheguei).

Tudo aquilo que xingamos por anos, agora faz uma falta enorme em nossas vidas. Ficou um buraco, um vazio. Parece que algo muito grande foi retirado da nossa existência.

Alguns amigos foram embora para longe, outros simplesmente o tempo vai distanciando.

E a saudade é o que permanece latejando, como uma ferida aberta.

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